A descaracterização dos partidos políticos tem sido uma lição para a sociedade sobre a importância da política na sua essência. Segundo Alderico Sena, Coordenador da Assembleia Estadual Constituinte da Bahia 1989 e Ex-Vice Presidente da Executiva Municipal da Cidade do Salvador do PDT-Partido Democrático Trabalhista, isso acontece, porque os partidos políticos brasileiros não são democráticos, eles têm donos que decidem quem disputa e contra quem, um sistema com regras definidas por um grupo pequeno e fechado. O brasileiro por ser despolitizado e desinteressado pela política não exige do Governo e do Congresso Nacional uma Reforma Política e Partidária objetivando a reconstrução e o crescimento do Brasil e compactua com um sistema político viciado, arcaico, corrupto e dominante pelo poder e capital.
Alguns partidos são organizações comandadas por meia dúzia de pessoas e, em alguns casos até menos do que isso, são propriedade particular dominadas por algumas pessoas. A lei brasileira permite que os partidos estabeleçam as próprias regras de funcionamento. São instituições não democráticas, dirigidas de cima para baixo por um pequeno grupo, isto não é partido político, são cartórios políticos. Em 30 anos depois da Constituição de 88 já tivemos 2 (dois) Impeachment de Presidentes eleitos com o voto popular (Collor e Dilma), e o recente pedido de impeachment do atual presidente enviado ao presidente da Câmara dos Deputados pelo PDT Nacional, o que comprova que o eleitor se desinteressou pela política e vota por revolta, decepção, revanche e não mais por acreditar nas propostas de governo dos candidatos, onde comprova a falta de consciência política do eleitor e o descrédito da sociedade pela política. É preciso uma Reforma Política e Partidária já!
A composição da executiva nacional, estadual e municipal de Partido político deveriam ser processadas em Convenção, permitida a reeleição para mais um mandato consecutivo e não fictício. São “grandes feudos” que ainda em pleno Século XXI usam o poder e o capital para fazer campanha eleitoral tendo o monopólio do registro de candidaturas, só se disputa eleição sob a aprovação desses dirigentes, não podemos continuar com os partidos dessa forma. Isso é um vergonhoso, poder e capital é que gera corrupção!
A única alternativa para mudar esse monopólio partidário é uma Constituição exclusiva para reformar o sistema político. Partidos políticos viraram balcão de negócios. Não tem convenção de fato e de direito. Não existe mais políticas, existe sim, politicagem e com isso o crescimento das desigualdades sociais, má distribuição de renda, retrocesso produtivo e econômico, causando o aumento do desemprego.
Com a falta de novos líderes e o enfraquecimento dos Movimentos Sociais, Grêmios e Diretórios nas unidades de ensino e também a descaracterização dos Partidos Políticos, houve um retrocesso no nível de representantes nos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), este é um dos fatores da crise moral, política e institucional que assola o País.
Se existe um espaço que os partidos democráticos podem ocupar é o do livre diálogo. Para isto, as propostas que vêm das bases e dos movimentos sociais, sem se descaracterizarem, devem encontrar interlocutores interessados em construir um caminho político que poderá não ser ortodoxo, mas que deverá ser eficaz.
O desafio lançado aos partidos que querem renovação é o de encontrar o modo de realizar a passagem entre a expressão quase rude das pretensões populares e os canais através dos quais estas denúncias se transformam em ameaça real ao sistema de dominação existente.
Esse é o ponto crítico. Nem o jogo partidário isoladamente e nem as explosões populares parecem ameaçar o equilíbrio (ou desequilíbrio) do poder. Na sociedade industrial moderna as funções do Estado são fundamentais e múltiplas e os mecanismos de dominação ganham sutileza e eficácia graças à impersonalidade dos controles. O Parlamento tem pouco a fazer quando já não detém instrumentos de fiscalização das burocracias que controlam a sociedade. Por isso mesmo, a importância dos partidos diminui. Os movimentos de protesto teriam sua força de acusação e usam suas armas até onde podem, sem, entretanto, conseguir somar forças, um partido estará conseguindo somá-las quando delineia uma visão nova da transformação da sociedade.
Não basta ouvir a militância e os movimentos sociais que se manifestam. Ouvir é o primeiro passo, mas é preciso pontuar estes discursos, ouvir também o que foi silenciado e pôr a nu o significado político das carências denunciadas. Este tipo de
análise, que não é acadêmica, cabe de fato e de direito aos políticos e tem por função transformar um difuso inconformismo em uma real estratégia alternativa. Quando isto for feito, o discurso será mobilizador porque aqueles que contestam se reconhecerão nesta linguagem política e encontrão legitimidade para sua ação de representação.
O Brasil está carente de lideranças, Partidos Fortes e “Homem público” que tenha em sua história, caráter, competência e compromisso com a coisa pública e com a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Alderico Sena – Bacharel em Teologia Sociedade e Política, Especialista em Gestão de Pessoas e Coordenador de Pessoal da Assembleia Estadual Constituinte de 1989 – aldericosena@gmail.com –www.aldericosena.com