O processo de mudança comportamental da sociedade depende da ação política dos Poderes Executivo e Legislativo na aprovação de um maior investimento na educação do seu povo. Querer é Poder! O exemplo claro é a falta de vontade política para regulamentar e fazer cumprir o que foi escrito e aprovado na Constituição Estadual da Bahia de 1989 – ATO DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS – ARTIGO 49º - “Fica criada, a partir do primeiro e segundo graus, matéria sobre educação associativa, visando dotar os alunos e futuros profissionais de conhecimento sobre cooperativismo, cuja implantação deve ser feita no inicio do ano letivo, após a promulgação desta Constituição”. Em 05 de outubro de 2014 fará vinte e cinco anos que a Constituição foi promulgada e até então o governo e nem o legislativo demonstraram interesse de implementar a educação associativa nos estabelecimentos de ensino, em todos os níveis, a fim de estimular a cooperação desde a infância e desenvolver nas crianças e nos jovens o espírito de compartilhar, de cooperar e de exercer a solidariedade para com o próximo. Esta falta de vontade política é um dos instrumentos que têm contribuído muito com o crescimento da violência nos estabelecimentos de ensino, especialmente nas escolas públicas e também nas comunidades.
Cooperativismo, novamente é a saída. A revolução industrial atingiu basicamente a população rural, enquanto que a globalização e a revolução tecnológica impactam uma enorme população urbana, que tem pouquíssimas alternativas favoráveis a sua subsistência. Daí a responsabilidade de todos com o desenvolvimento da educação e da cultura do cooperativismo, na busca de soluções para amenizar os percalços da violência nos grandes centros urbanos.
A apresentação de alternativas é mais do que uma necessidade. É um compromisso que deve ser assumido pelas lideranças cooperativistas, políticas e autoridades, no sentido de dá às futuras gerações opções de oportunidades de forma coordenada e, preferencialmente, compartilhada e solidária.
Ampliar a educação, oferecer oportunidades e meios de praticar a cooperação são caminhos fundamentais no fortalecimento e preparação da juventude para uma nova realidade mundial que se descortina. No entanto, é necessário trabalhar juntos governo e Sistema Cooperativo de forma direcionada, passo a passo, construindo uma estrada segura, sem desvios, para o Brasil em que todos os brasileiros sonham.
Falar de educação supõe-se, previamente, estabelecer alguns parâmetros e alguns conceitos que nos permitirão entender a real capacidade da educação e contribuir para a implementação das respostas aos desafios de uma Nação.
É preciso entender que a educação é um processo de diálogo e de criatividade. Educação é um sistema de comunicação mediante o qual satisfazemos o impulso fundamental do homem: Conhecer a relação das coisas, analisá-las e medi-las.
Necessitamos de uma educação no contexto do Século XXI, que combine com a cultura geral; uma educação para a permanente mudança com flexibilidade; uma educação que forme no homem a conservação do amor por sua nação; uma educação que vise o coletivo e não o individualismo; uma educação que forme o homem, que lhe dê compreensão do seu tempo; lhe permita falar e escrever com qualidade; lhe crie hábitos de solidariedade para que viva em comunidade e seja livre e responsável; que lhe permita entender e aceitar o cidadão e os meios em que vive; uma educação que ensine a aprender, ensine a saber, ensine a enfrentar os prós e os contras da vida com ética e dignidade.
O governo precisa entender e respeitar o que estabelece a Lei Maior (C.F) de um País. Art. 205 (“Educação, direito de todos e dever do Estado e da família”) e permitir a dedução na Declaração de Imposto de Renda, todo e qualquer investimento em educação da criança, seja na área cultural, esporte, cursos (Línguas), dentre outros. afinal educação é a base de tudo. Criança fora da escola é criança de mente vazia com um caminho aberto à delinquência. Educação é à base do cidadão, sem ela não seremos um país civilizado para conquistar a melhoria e a qualidade de vida do povo.
Investir em educação, formação e capacitação é o caminho que permitirá a construção de um Brasil mais justo, mais solidário e democrático.
Educação resgata a dignidade. Não podemos nos considerar cidadãos se estamos distantes ou omissos às questões políticas, econômicas, culturais e sociais que penalizam a sociedade. Não podemos apenas criticar, temos mais é que participar, visando a construção de um Brasil melhor para as gerações que virão. Educação associativa é a única ferramenta para ensinar, aprender e aplicar na pessoa humana a ser educada e solidária para com o seu semelhante.
De mãos dadas, consciência política e educação associativa em tempo integral na escola poderemos dar inicio a construir um Brasil melhor com um povo educado, fraterno, solidário e feliz.
Alderico Sena- Ex-Superintendente da OCEB e do SESCOOP- Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado da Bahia, Coordenador de Pessoal da Assembléia Estadual Constituinte em 1989 e Especialista em Gestão de Pessoas